terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Recomeço

Nem sei porque acontece dessa forma, em um minuto sua vida dá um giro radical e nada mais é como antes. Você estava bem, correndo atrás dos seus ideais, respeitando seus princípios, realizando tudo que a sociedade lhe exige e de repente um golpe fatal lhe faz enxergar a vida por um novo ângulo. Quando foi que eu imaginei me movimentar com seis pinos dentro do meu braço? Pra mim as infelicidades corporais só existiam nos outros, nas telas da tv, não em mim. Sou forte, sempre acreditei. Bobagem! Não somos de aço. Somos tão frágeis quanto uma formiga, se comparados ao mundo. Sempre tive problemas em pedir favores, quis muitas vezes me mostrar auto-suficiente. Agora não consigo nem tomar banho sozinha. É por pouco tempo, eu sei, eu acredito! Mas o tempo que eu passo enferma nessa cama me parece a eternidade. A dor que começa por uma cirurgia no braço direito apodera-se de todo o meu corpo. Minha canção é o gemido doloroso de quem ainda espera acordar e se sentir inteiro de novo. Injustiça do destino você não poder voltar atrás e mudar um acontecimento desagradável. Deus quis me mostrar que todos nós dependemos uns dos outros, foi mais um ensinamento da vida. E, sabe eu aprendi? Mas ainda é difícil digerir esse capítulo do livro.
Os que não me suportam vão atribuir o êxito da minha queda ao "merecimento", falarão das minhas maldades e me julgarão. O ser humano é assim, ele precisa de algo que lhe alimente o ego. Eu vou escutar todos os diálogos que o vento vem me entregar e silenciarei para que a maldade não se expanda na minha carne.
"Às vezes quando você perde, você ganha." Meu filme favorito cita essa frase três vezes e só agora eu consigo a entender. Eu fiz uma escolha errada e por uma câmera eu botei em risco o meu braço, coloquei o meu trabalho em primeiro lugar e descobri que a minha única ferramenta de trabalho é o meu corpo. Com todos os pesares, eu aprendi a dar valor aos que tem valor na minha vida. Hoje eu sei quem são os amigos, os conhecidos e os amigos do peito.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Paradise.

Eis que sumi. Desapareci aqui para aparecer nos meus sonhos. Já havia me esquecido como é belo viver nesse paraíso embalado por tão doce melodia. Minha memória já não alcançava o prazer de sentir os cabelos do ser amado enrolados no meus seios. Já não sabia como era a felicidade de ter um animal de estimação ou de arrumar a minha casa com a minha cara.
Vendo esse rosto tão jovem que ouso beijar, posso ser novamente eu sem pensar na podridão a qual o homem se entrega. Tenho um anjo em minhas mãos, um anjo genioso, caloroso, voraz...
Larguei minha caneta e papel para escrever palavras ao vento e lentamente vou as varrendo para os ouvidos da pequena rosa.
Não! Eu não te amo! Como ousaria amar uma criatura tão frágil e inocente? Meu dever é proteger-te e adorar-te sem melancolias ou falsas juras.
Duela em mim tuas personalidades e eu as acalmarei em águas de sossego.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Idade, velha sorrateira.

Nesses tempos de caminhada vivi pelo inverso,
reverso,
que verso?
- 22 anos, minha cara. Parece que foi ontem que brincava no berço.
Acho graça nos desenhos que antes não existiam,
Na pele esticada,
Nos brincos e no cabelo tingido de vermelho.
Não há ser humano que não seja metamorfose.
E antes que eu caia no pranto da nostalgia:
- Garçom, me veja uma dose!
Vou apagar as velas num copo de whisky pra ter o prazer
De ser criança
E de não ser.