quinta-feira, 1 de setembro de 2011

XXIII

Eu tinha uns 11 anos quando me aventurei a ler "Romeu e Julieta", um belo começo para uma criança começando a entender o amor. Passei alguns anos acreditando na forma shakespeariana de amar; o amor único infindável que morre com aquele que carrega consigo tal sentimento. Ainda sim, não era fácil pra mim entender tais coisas, elas não se misturavam às minhas bonecas na estante.
Aos 15 me deparei com Vinícius de Moraes, largado na prateleira, heterogêneo à poeira. Sem um copo de whisky, esquecido por algum ente de minha família. Sentada no canto do quarto li os primeiros versos:

"Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto."

E cada página que meus olhos engoliam, era como se um novo mundo se construísse diante de mim.
Pequena, frágil, insegura, desconhecida de mim mesma, ignorante do que é o mundo e de como se formam as palavras, essa era eu no auge de minha adolescência.
No último soneto de Vinícius me perdi como quem cai em um abismo: "...que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure." Como era possível amar dois? Quem pode explicar que a vida segue para todo mundo e caminhos se desentrelaçam durante a jornada? Aprendi com o tempo a ver pelos olhos dos outros e sentir com as minhas próprias mãos. Acredito no saudoso poeta, jornalista e dramaturgo quando dizia que é possível viver uma vida e vários amores, mas metade de mim ainda grita que se há amor é eterno.
Não sei quanto tempo vai passar, quantas pessoas farão morada nesse pequeno pedaço de ser humano que sou eu, mas sei que em mim você sempre estará. Com o mesmo sorriso terno e olhar puro você irá me acordar e um dia às margens da vida eu poderei dizer que não importa quantas pessoas deitaram-se comigo ou quantas eu amei, você foi a única.


Gosto de colorir meus textos com imagens, mas acredito que esse se basta.

8 comentários:

  1. gostei do post. nunca animei de ler romeu e julieta (talvez até por machismo bobo), mas lendo aqui pareceu uma ideia legal folhear aquelas páginas rs grande abraço

    ResponderExcluir
  2. Como o amigo aí de cima, tbm nunca me animei a ler R & J, talvez pelo mesmo motivo rs... Mas gostei muito do seu post... Texto muito bem escrito... Parabébs!!!

    ResponderExcluir
  3. Oii .
    eu adoro Romeu e Julieta *_*
    chorei ²

    http://thaa03.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  4. É... também sofro de bipolaridade amorosa, em que parte de mim acredita num amor eterno, profundo e verdadeiro de tal forma que só morre carregado ao túmulo; e outra parte, desiludida pelas experiências terrenas, tenta se conformar com a efemeridade dos sentimentos e com a então realidade que se apresenta: que seja infinito (intenso) enquanto dure.
    Belo texto, Mari. =)

    ResponderExcluir
  5. Temos 'sentimentos' em comum, amiga. Alias, todo ser humano. ^^ Adorei o post!

    Adoro Romeu e Julieta, tanto o livro de shakespeare, quanto o filme...

    Obrigada, pelo comentário em meu blog!
    Abraço.

    ResponderExcluir
  6. Ola, tudo bem, vim visitar o teu blog e estou seguindo ja... Dê uma passada no meu e se curtir siga tbm ta bom ... Bjs Angélica.
    Blog http://toquesdeclasse.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  7. Chorei, texto emocionalmente lindo. Sempre gostei de Romeu e Julieta.. Um dos romances mais lindos.

    PS: Eu não sofro de bipolaridade amorosa, acho que é tripolaridade mesmo. KKK
    http://lollyoliver.wordpress.com/

    ResponderExcluir