terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sobre mim


Na calada da noite vou me equilibrando na ponta do pés até o carrinho de bebidas, sorrateiramente pego uma dose. Sou maior de idade, não há motivos para tais cuidados, mas dentro de casa tento manter esse costume de não mostrar minhas preferências.

Gosto do som do gelo roçando o copo, gosto do tom marrom desbotado quando demoro a ingerir a dose. Gosto do copo suado.

Meus amigos estão lá fora, no mundo, bebendo, jogando conversa fora, beijando, transando. Gosto do meu mundo, desse silêncio projetado pela minha necessidade de concentração. Gosto de gente e de solidão, é difícil de entender. O que eu não gosto mesmo é de multidão, nunca sei pra quem devo olhar. Às vezes meu mundo não permite muita gente, às vezes ele não permite ninguém. Estar na minha pele, sentir o que sinto e olhar o que vejo não é fácil. Imagino como se sentem as pessoas que não conseguem penetrar o meu mundo e se confundem com as minhas atitudes, minha falta de paciência, minha frieza, meu descaso...

O melhor de mim não está perdido nem é impossível recuperar, mas está em cárcere dentro de mim mesma. Medo. Uma palavra que me define há um ano: medo. Até quando sei que não há perigo em sair da casca, ainda assim tenho medo de sair e não ser o que eu esperava. Medo de sofrer, pavor de pensar no “fazer sofrer”. Dá pra acompanhar o meu raciocínio? Certas vezes corro com ele e esqueço de como sou metafórica, de como sou complexa.

Não escrevo com funcionalidades, não faço poesia, não escrevo livros, não faço matérias. Falo de mim, desabafo enquanto choro e faço chorar. Compartilho minhas dores e alegrias e assisto aos que se sentem como eu e vão proliferando minhas palavras pelas redes sociais. Estranho saber que tem gente por aí que mesmo sem me conhecer acredita no que eu digo.

Por trás do meu sorriso há um mar de angustias que certas horas seca, mas vez por outra inunda.

9 comentários:

  1. Sabe aquele tipo de texto que quando você lê, você vai entrando nele, vendo a cena, ouvindo o narrador, capaz até de sentir o cheiro do Jack Daniels.
    Putz, fazia tempo que eu não lia algo que me agradasse tanto.
    Parabéns, ficou MUITO bom!

    ResponderExcluir
  2. Cacete... É como se eu tivesse escrito isso. São palavras q já pensei, modos e sentimentos que já senti e sinto... Eu li a mim mesma agora... Chega me deu um calafrio... Mto foda Mari!

    ResponderExcluir
  3. "Por trás do meu sorriso há um mar de angustias que certas horas seca, mas vez por outra inunda." Fato...

    ResponderExcluir
  4. Se formos tão parecidos quão seu texto me faz crer, diria que você tem sérios proplemas!

    http://umlivroqualquer.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  5. "O melhor de mim não está perdido nem é impossível recuperar, mas está em cárcere dentro de mim mesma."

    Mesmo em cárcere, mesmo que pareça pra você, difícil de exalar, eu vejo um TANTÃO de coisas lindas em você, acho que te conheço o suficiente. E quem ainda não conhece, é só chegar perto que dá pra sentir o melhor de você.

    Te amo ♥

    ResponderExcluir
  6. IHIAUHSAHSA , adorei
    http://wanessacarvalhoem.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  7. muito legal o texto! adorei me visite sigo todos que me segue! bjus http://anavidadeestilista.blogspot.com/

    ResponderExcluir